terça-feira, 12 de outubro de 2010

Não pare !


Olha, eu sei que o barco tá furado e sei que você também sabe, mas queria te dizer pra não parar de remar, porque te ver remando me dá vontade de não querer parar também.
Tá me entendendo? Eu sei que sim.
Eu entro nesse barco, é só me pedir.
Nem precisa de jeito certo, só dizer e eu vou.
Mas olha, eu só entro nesse barco se você prometer remar também!
Eu abandono tudo, história, passado, cicatrizes.
Mas você tem que prometer que vai remar também, com vontade!
Eu desisto fácil, você sabe. E talvez essa viagem não dure mais do que alguns minutos.
Mesmo se esse barco estiver furado eu vou, basta me pedir.
Mas a gente tem que afundar junto e descobrir que é possível nadar junto.
Eu te ensino a nadar, juro!
Mas você tem que me prometer que vai tentar, que vai se esforçar, que vai remar enquanto for preciso, enquanto tiver forças!
Você tem que me prometer que essa viagem não vai ser a toa, que vale a pena. Que por você vale a pena. Que por nós vale a pena.



Remar.
Re-amar.
Amar.

(Caio Fernando Abreu)

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